Paul Lafargue traz-nos, com este título, um texto empolgante, ao contrário da percepção que dele poderíamos sugerir.
De cariz apologético, com laivos de materialismo dialético, não fora o autor genro de Marx, fala-nos da situação económico social dos meados do século XIX época merecedora de um comentário sobre a Revolução Industrial que já dera os primeiros passos dos quais já se poderia aferir, igualmente, os efeitos iniciais.
Numa linguagem exaltativa e por vezes provocatória, o autor contesta, com clareza, a nova moral burguesa.Dela se extrai que os industriais, novos donos do capital, colocam o tónus do trabalho no proletariado, ao invés da sua prática prática quotidiana opulenta, esbanjadora e por vezes sonífera.
A dicotomia entre dois mundos, que ali se desenhava com contornos bem marcados, aponta à carestia de uns e ao desperdício de outros, segundo ele, com recurso ao resgate da doutrina cristã que cedera aos novos ímpetos capitalistas. Certo é que o pontapé de saída da Doutrina Social da Igreja, com um cunho estruturado e se quisermos político, ainda era um porvir e que Leão XIII haveria de dar nota através da Rerum Novarum. Mas a verdade é que a estrutura eclesiástica detalhou o valor do trabalho com um fim próprio de autonomia do Homem em si mesmo e também como desígnio do chamado bem comum. Contudo as interrogações que este ensaio nos coloca não se podem dizer anacrónicas. Das questões associadas às condições do trabalho, das implicações sobreprodutivas da economia, da divisão do trabalho, até às circunstâncias ético morais em transformação, este livro, aborda, e é, não fora por mais, merecedor de uma leitura e consequente reflexão sobre as membranas da temática outrossim pelo dínamo presente no núcleo.
Com edição da Antígona e tradução de José Alfaro, lê-se de uma penada e sem sem sacrifício, convidando à subsequente preguiça.
Bem Vistas as Coisas, o Direito à Preguiça é fundamental no querido mês de Agosto.
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