Conservadorismo
- Orlando Coutinho
- 15 de dez. de 2020
- 1 min de leitura

Para quem quer uma definição estanque de conservadorismo terá uma deceção ao ler este magnífico livro de João Pereira Coutinho até porque, logo na página 15, o autor coloca-nos - ao avesso de um bom conservador - na montanha russa, ao afirmar que «O conservadorismo não existe»! Claro que esclarece a polissemia do termo, com “conservadorismos”, ou seja, as várias modalidades interpretativas deste caldo ideológico.
Na verdade, continuo a resumir o conservadorismo com uma ideia antiga de Oakeshott e que também vem mencionada na obra, a saber «Ser conservador, então, é preferir o familiar ao desconhecido, é preferir o tentado ao não tentado, o facto ao mistério, o actual ao possível, o limitado ao ilimitado, o próximo ao distante, o conveniente ao perfeito, o riso presente à felicidade utópica» ou, como popularmente se diz, “não trocar o certo, pelo incerto”.
De facto, a escrita deste autor é cativante e o ensaio é verdadeiramente estimulante para quem quer ficar com uma ideia global dos pensamentos conservadores.
Passando pelas especificidades humanas que levam o Homem a ser conservador, ou a ter graus de conservadorismo, ou melhor ainda como ele diz «todos somos conservadores», o autor percorre – numa hermenêutica bem conseguida - um conjunto de filósofos e cientistas políticos que acabam por densificar o essencial desta ideologia que a todo o tempo deve ser revisitada.
Em síntese, a estabilidade, a previsibilidade e a confiança, são três ingredientes indispensáveis ao verdadeiro conservadorismo.
Vale mesmo a pena a leitura.
Bem Vistas as Coisas, o conservadorismo é uma ideologia, como diria Samuel Huntington, “não ideacional”.
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