Por estes dias corre uma onda anti-oriental pelos ares víricos que de lá transitam para o ocidente. Mas este espaço de partilha ocidente/oriente, começou bem antes e no plano das ideias. Não vou aos primórdios, mas convoco-vos para um texto interessante.
O que vos trago, foi a minha mais recente leitura do Reverendo Nicolas Malebranche “Diálogo de um filósofo cristão e um filósofo chinês”. O texto data de 1707 com publicação no ano seguinte e foi promovido pelas Edições 70 em novembro de 2017.
É um texto de cariz apologético assente num diálogo entre dois filósofos: um cristão e um chinês. É apologético porque se suporta em paralelismos (a Li “confucionista” uma espécie de condução ético-moral para as circunstâncias da vida – com o Senhor Deus cristão) de diferentes culturas com viés para a supremacia cristã.
Regado por influências espinosistas e por um certo ocasionalismo, Malebranche não perde a tónica discursiva que vê de utilidade e suporte aos evangelizadores Jesuítas que, por aqueles tempos, pregavam a oriente.
O livro reúne ainda as críticas -que apontam para um certo etnocentrismo religioso - e contra-críticas que lhe são feitas, as últimas, pelo punho do próprio autor; contém ainda testemunhos da visão dos Jesuítas ao mesmo, numa leitura que se faz bem para quem gosta de temas filosófico-religiosos.
Um bom ponto de partida, a ocidente, para quem queira revisitar algumas ideias cristãs e iniciar-se, ou quem sabe aprofundar-se, pelos estudos de religiões orientais.
Bem Vistas as Coisas a oriente e a ocidente, o Homem detém-se no transcendente.
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