Conheci o Presidente da Câmara de Campo Maior, Ricardo Pinheiro, num Seminário Internacional organizado pela Fidestra, organização superiormente presidida por Fernando Moura e Silva, onde o primeiro palestrava sobre as respostas locais para problemas sociais.
Na oportunidade, o Sr. Presidente da Câmara – pessoa de uma simpatia e gentileza notáveis – além da magnífica exposição que fez, realçando o seu Centro Comunitário, despertou-me a curiosidade nas Festas do Povo, que é um dos cartões de visita campomaiorense.
Decidi “fazer-lhe a vontade” e domingo apareci por lá. Em boa hora, diga-se. O relógio marcava 10h, clima estranhamente ameno, para um Alentejo fulgurante nestas épocas; e ainda se circulava bem pelas esbeltas ruas, coloridas em flor de papel, que constituem um espetáculo de alegria, trabalho, amor e identidade local.
Reza a história que este marco cultural se fazia em honra de S. João Batista e terá começado em 1893 com realização anual, tendo sofrido um interregno em 1898. O Povo, sem desprimor com o Santo, rebatizou-as, como sendo suas, uma vez que a ressurreição das mesmas foi por vontade dele, corria o ano da graça de 1921. Agora a periodicidade é semelhante a um “mandato” e requer a dedicação de toda a população local, uma vez que as ruas são meticulosamente preparadas e enfeitadas pelos seus cidadãos. E que cidadãos! Acolhedores, de porta aberta, sorriso nos lábios e orgulhosos por receberem milhares de pessoas de vários cantos do mundo, tal era a miscelânea linguística que por ali se escutava, assonâncias que musicavam no coreto em que se transformaram as pitorescas ruas de Campo Maior.
A justaposição das ruas, das pessoas, das cores, dos cheiros e da alegria, foi - quadro perfeito para quem pela primeira vez ali esteve.
Ouvi, por lá, que se pensa em propor a iniciativa a Património Imaterial da Humanidade. E talvez tenha pés para andar.
Bem Vistas as Coisas a terra do Delta tem um povo impar que dá nome às suas Festas; porque dali bem perto ecoam as estrofes << O Povo é quem mais ordena...>>